Contra a militarização das escolas no Paraná

 6 de novembro de 2020 - 9h47

 

Nota de Repúdio

Nossas e nossos estudantes aprendem aqui, no Setor Litoral da Universidade Federal do Paraná – UFPR, a valorizar o debate, a pesquisa, o compromisso em buscar a melhoria do Ensino, da Cultura e do Conhecimento como balizadores de uma Sociedade mais Humana, Fraterna, Justa e Solidária.

Nesse momento, não podemos nos calar mediante o processo de militarização das escolas estaduais do Paraná, que ocorre a partir de uma precária consulta à comunidade, que violenta a mais simples ideia de Democracia, pois, dentre outras coisas, prorroga a consulta até que o processo de militarização seja atingido.

Entendemos que a militarização das escolas irá tensionar ainda mais o ambiente escolar. Quando falamos em escola, a compreendemos na perspectiva ampla de que a Educação Básica a Universidade são indissociáveis, são responsáveis pela
formação para a cidadania e, para isso, precisam ter liberdade de cátedra, de ensino, de debater os conteúdos essenciais ao desenvolvimento do País. Precisam estar abertas às novas teorias, concepções de mundo, de sociedade, de gênero, devem acolher a todas e todos, independentemente de seus credos, ideologias, orientações sexuais e, fundamentalmente, devem defender a Liberdade de Pensamento. Recorrendo a uma frase do maio de 68, na França, “um pensamento que para é um pensamento que apodrece”, e, nesse sentido, a escola só cumpre seu papel social se nela estiverem as divergências, o debate e a inovação. Enfim,
seja um lugar onde a Democracia se construa a todo instante.

Ao contrário disso, o mecanismo da militarização é tornar os corpos dóceis, sejam, políticos ou individuais, voltados para simplesmente acatar ordens, estudar o civismo sem praticá-lo, defender a meritocracia, panaceia que parte do princípio de que os
melhores continuarão os melhores e os piores serão deixados para trás, em uma espécie de Darwinismo Social.

O Setor Litoral da UFPR não se calará diante desse processo que se instala nas escolas estaduais do Paraná. Ao contrário: nos manteremos firmes na defesa da Ética, da Estética e da Democracia e repudiamos que se instale – em qualquer escola – o obedecer e o executar que balizam a militarização das escolas.

 

Nota aprovada no Conselho do Setor Litoral, UFPR, em 4 de novembro de 2020.

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