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Dicas Culturais

Exposições de professores da UFPR no MON estão disponíveis online

https://www.ufpr.br/portalufpr/noticias/exposicoes-de-professores-da-ufpr-no-mon-estao-disponiveis-online/

Canal do Youtube do PET Comunidades do Campo

O PET Comunidades do Campo apresenta no seu canal do Youtube uma lista compilada em parceria com o PET e Litoral Social da UFPR Litoral. São filmes e vídeos documentários que foram produzidos sobre e no litoral do Paraná retratam suas paisagens e a biodiversidade da Mata Atlântica, sua história e a cultura dos seus povos ancestrais M’byá Guarani, os Caiçaras, Pescadores Artesanais, Agricultores e os Quilombolas, extrapolando os limites políticos para outras territorialidades e cosmovisões.

Canal do Youtube do PET Comunidades do Campo:
https://www.youtube.com/channel/UCn92iEXZKiH-gqjG2mFWVPg

ArtesLitoral – exposição em galeria virtual

Exposição no  Instagram de obras de artistas que atuam no Litoral do Paraná, obras produzidas a partir DC (depois do inicio da pandemia do Coronavirus) prestigiem se inscrevendo no Instagram ArtesLitoral.
https://www.instagram.com/p/CByAKnugcjV/?utm_source=ig_web_copy_link

https://www.instagram.com/p/CByAKnugcjV/?utm_source=ig_web_copy_link

Festival de cinema online

O Espaço Itaú de Cinema, em parceria com Itaú Unibanco, traz de 19 a 28 de junho o seu primeiro festival online, com pré-estreias inéditas de 19 títulos, reforçando nosso incentivo ao cinema nacional e independente.

http://www.itaucinemas.com.br/espacoitauplay/?utm_source=fac&utm_medium=cpc&utm_campaign=dp-in-ndndnd-nd-traf-cinemaemcasa&utm_content=af009-face-fac-ca016-fst-cpc-cros-audi-bases-nd-carr-dp00003481&fbclid=IwAR3Sn4DDaZg2e3SVsygeo_1OkL_vU71GAFyDucAU_GLyj28-rbIKXQeoPkU

Vem aí a 2ª edição do Movimento Conexão! 

Prepare-se para a segunda edição do Movimento Conexão: Culturas Compartilhadas🎉Evento realizado pela Agência Escola em parceria com a PROEC e SACOD para amigos, familiares e para toda a UFPR! Anote a data e o horário na sua agenda e não perca nenhuma das atrações culturais e webinários.

https://www.facebook.com/agenciaescolaufpr/?__tn__=kCH-R&eid=ARBsbl4wyHwSfnRSL78SkVl8fQWPDbrA827Xq5IlnhuPUR2OEbOlbufFvngn9uHwdA3lhcd2Fns-N5dB&hc_ref=ARTjzXRaDKf1r3t7uWSwkT0370F-_JMrTVdZErsYkozPsA9Dln7q8-2r2eJ5OfsVRvg&fref=nf&__xts__[0]=68.ARBoWThXyvNgPZ1kkWKgZBB7LFH63iieRN1lG88bIWYP17hG5g4yorlQebN_TrhS4HY1KieTr7Ftd6s6nF9yHFosSTHr6pIXgkMECait6hRzlC28Gkc4KxpESkwYA3z1IGrwhq6CNgK5-4xENzoWOjIadpTbICkoF36iREliyxt00tJ134d0xorq5qIjRAEEIU9fkC24He_KGm7QW4EATYKpGs7dLtpUEpyqVFL6wA_TJj0jNsfdessTabHcdHMLrKjiN0bUrDcKlIHZHHHSi-v4tZfwAYW99poagdgU8RRmd5FamXlhGKAi5HvqHXuyAtWpBTa-9AoWIxKmiilblberu05YVvZ-RyFhGdTMnBhU7J0L4OzHBxnqJucTXvCs4gfJrLAaRVeh5-xtzuOdXHZmYmg5A4Pzub-eC1-dyRNZhy3_oo__Tl1sWYAGCYzGgv0ARaEP0iOtBA7bMLHniQ1RD124em92dSjCgRLb4bSiwFW8b-zM2g


Biblioteca Virtual

Site disponibiliza clássicos da literatura em .pdf e em audiobook:

https://sites.google.com/view/bibliotecadoprof/biblioteca?authuser=0



Mulheres nas ciências

Projeto da UFPR disponibiliza gratuitamente livro de passatempos referente às mulheres cientistas que se encontram na luta contra o COVID-19.



Teatro Já!

Publicado por Emir Sader em Domingo, 7 de junho de 2020


#Leia em casa

Após o caso do adolescente João Pedro, no Rio de Janeiro, e de George Floyd, nos Estados Unidos, ambos mortos pela polícia, a luta antirracista se tornou um dos assuntos mais debatidos dos últimos dias — mesmo sendo uma pauta há muito discutida por especialistas, intelectuais e ativistas políticos — e precisa do nosso apoio. Seja na ficção ou no ensaio, a literatura é uma excelente ferramenta de estudo para que, assim como Djamila Ribeiro sugere, possamos estruturar esses questionamentos, contribuir para o debate e construir uma bagagem intelectual que fortaleça nosso entendimento e a imprescindível luta contra o racismo. Vão aí quarenta livros que tratam de experiências reais, análises históricas ou narrativas sobre amor, amizade e resistência.

1. A marca humana, de Philip Roth (Companhia das Letras, 2002)

2. A vida secreta das abelhas, de Sue Monk Kidd (Paralela, 2014)

3. Absalão, absalão, de William Faulkner (Companhia das Letras, 2019)

4. Amoras, de Emicida (Companhia das Letrinhas, 2018)

5. Aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain (Clássicos Zahar, 2019)

6. Da minha janela, de Otávio Júnior (Companhia das Letrinhas, 2019)

7. Desonra, de J. M. Coetzee (Companhia das Letras, 2000)

8. Doze anos de escravidão, de Solomon Northup (Penguin, 2014)

9. Histórias da preta, de Heloisa Pires Lima (Companhia das Letrinhas, 1998)

10. Luanda, Lisboa, Paraíso, Djaimilia Pereira de Almeida (Companhia das Letras, 2019)

11. Marrom e amarelo, de Paulo Scott (Alfaguara, 2019)

12. Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis (Penguin, 2014)

13. O menino negro, de Camara Laye (Seguinte, 2013)

14. O olho mais azul, de Toni Morrison (Companhia das Letras, 2019)

15. O sol na cabeça, de Geovani Martins (Companhia das Letras, 2018)

16. O som e a fúria, de William Faulkner (Companhia das Letras, 2017)

17. Recordações do Escrivão Isaías Caminha, de Lima Barreto (Penguin, 2010)

18. Redemoinho em dia quente, de Jarid Arraes (Alfaguara, 2019)

19. Se a rua Beale falasse, de James Baldwin (Companhia das Letras, 2019)

20. Úrsula, de Maria Firmina dos Reis (Penguin, 2018)Não ficção

21. A autobiografia de Martin Luther King, de Clayborne Carson (Zahar, 2014)

22. A cor da liberdade: os anos de presidência, de Nelson Mandela e Mandla Langa (Zahar, 2018)

23. Dicionário da escravidão e liberdade, de Lilia Moritz Schwarcz e Flávio Gomes (Orgs.) (Companhia das Letras, 2018)

24. Entre o mundo e eu, de Ta-Nehisi Coates (Objetiva, 2015)

25. Malcolm X, de Manning Marable (Companhia das Letras, 2013)

26. Mandela: o africano de todas as cores, de Alain Serres e Zaü (Zahar, 2013)

27. Martin e Rosa: Martin Luther King e Rosa Parks, unidos pela igualdade, de Raphaële Frier e Zaü (Biografia, Pequena Zahar, 2014)

28. Minha história, de Michelle Obama (Objetiva, 2018)

29. Na minha pele, de Lázaro Ramos (Objetiva, 2017)

30. Negros estrangeiros: os escravos libertos e sua volta à África, de Manuela Carneiro da Cunha (Companhia das Letras, 2012)

31. Nem preto nem branco, muito pelo contrário, de Lilia Moritz Schwarcz (Claro Enigma, 2013)

32. O alufá Rufino, de João José Reis, Flávio dos Santos Gomes e Marcus J. de Carvalho (Companhia das Letras, 2010)

33. O jogo da dissimulação, de Wlamyra R. de Albuquerque (Companhia das Letras, 2009)

34. O perigo de uma história única, de Chimamanda Ngozi Adichie (Companhia das Letras, 2019)

35. Pequeno manual antirracista, de Djamila Ribeiro (Companhia das Letras, 2019)

36. Que é abolicionismo?, de Joaquim Nabuco (Penguin, 2011)

37. Rebelião escrava no Brasil, de João José Reis (Companhia das Letras, 2003)

38. Retrato em branco e negro, de Lilia Moritz Schwarcz (Companhia das Letras, 2017)Música e poesia

39. Não pararei de gritar: poemas reunidos, de Carlos de Assumpção (Poesia, Companhia das Letras, 2020)

40. Sobrevivendo no inferno, de Racionais MC’s (Companhia das Letras, 2018)



Guia de sobrevivência cultural na quarentena

Artistas fazem shows e performances em transmissões nas redes sociais, museus criam exposições virtuais e editoras e plataformas liberam livros e filmes gratuitos online, tudo para aliviar o isolamento

https://brasil.elpais.com/cultura/2020-04-04/guia-de-sobrevivencia-cultural-na-quarentena.html



Olá, leitores do site da UFPR-Litoral! Como estão? Todos atentos com a necessidade das máscaras e das práticas de prevenção ao COVID-19? Espero que sim! AS HISTÓRIAS SÃO IGUAIS O título que empresto a este texto vem de uma música do Fábio Elias, principal compositor da Relespública, que é uma das principais bandas de rock do país e que atua em Curitiba, como sua sede. Entre outras façanhas no currículo, a Reles foi uma das poucas bandas dos pinheirais que assinou contrato com grandes gravadoras, lançou especial na MTV (com o MTV Apresenta) e de quebra ainda tocou numa das edições do Rock´n Rio. O disco “As histórias são iguais” foi lançado em 2003. Uma dúzia de anos antes da série catalã “Merlí” que será o objeto principal da nossa indicação de hoje. O seriado até agora conta com 3 temporadas e 40 episódios. A intenção aqui é apresentar as impressões que tive ao assistir apenas o primeiro deles, para não incorrer no perigo de apresentar spoilers e estragar a diversão de vocês. Ainda assim, como não assisti a muitos episódios, e vou tentar apresentar uma leitura mais conjuntural do que se passa na trama, talvez atire num pombo e acerte num urubu. Torço para que não, mas, sabe como é! Então vamos lá! O primeiro estranhamento que pode aparecer para vocês é a busca de referências para a série junto ao disco da Reles. A história do seriado é sobre um professor, a princípio desempregado, numa Catalunha transitando entre os momentos ruins e os ainda piores, que são a consequência de uma das crises cíclicas do Capitalismo que iniciou para valer ainda nos últimos 15 ou 20 anos do fim do século passado, e que volta e meia se reapresenta com seu tamanho real. A primeira impressão que tive logo no início da apresentação do personagem “Merlí”, Professor de Filosofia e personagem principal da série com o mesmo nome, é a de que ele foi construído de maneira muito semelhante ao Santa, estrelado pelo astro Javier Bardém em “Segunda feira ao Sol” (2002). Ambos apresentam o mesmo orgulho, o mesmo viver em um ambiente de crise econômica, os dois eram desempregados, com problemas de socialização, embora fossem ambos bastante sociáveis. Santa assumia a tarefa de “intelectual orgânico” de um grupo de trabalhadores de base da indústria naval, o que várias vezes o colocava como autor das falas mais reflexivas do longa-metragem em questão. Merlí, da mesma forma, quando entra em seu primeiro dia na sala dos professores da nova escola em que trabalhará como professor substituto, de prontidão realiza uma leitura do ambiente em que se insere. Essa leitura, crítica por óbvio, sequer é verbalizada, mas ao telespectador atento é extremamente eloquente. Neste sentido, como diz o Fábio da Relespúbica na canção “Nunca Mais”, as histórias são iguais, e viram comédia, se a gente fosse contar. Santa e Merlí poderiam substituir os papéis um do outro, tanto no filme, quanto no seriado. Assim como quem “não se lembra de um dia louco de trovões” nas suas vidas? Esses trovões estavam ali, nos bares frequentados por Santa e Merlí, na fila da busca pelo emprego, na sala dos professores, nos apuros que a crise econômica faz a gente enfrentar, e que é onde percebemos com mais clareza o bem ou o mal que uma postura mais reflexiva nos leva a realizar diante dos problemas. Voltando ao seriado, há outra relação com a música citada. Na Catalunha, as salas de professores são exatamente iguais às daqui. Nas práticas docentes, a mesma coisa. A estrutura da escola, sem papel toalha no banheiro, com instalações relativamente simples (embora muito superiores às nossas), idem. Mais uma vez, as histórias são iguais. Só que, neste seriado, também podem ser diferentes! Ao menos essa é a impressão que ficou do piloto que assisti. Há várias provocações implícitas no enredo, por exemplo: – A arte é a mãe da filosofia? – Numa época de crise, a filosofia flerta voltar para a arte como uma alternativa de reconstrução? – A soma da equação social que envolve filosofia e arte está no porvir do filho (dançarino, potencialmente homossexual e que se desperta para a curiosidade filosófica) como uma soma das duas gerações anteriores que vai se refinando ao longo da trama? – A citação aos peripatéticos no seriado, trata-se da crítica à práxis em geral, ou principalmente do sistema educacional, que deveria “refletir enquanto age”? Ao longo dos 50 minutos do episódio, surgem algumas respostas a esses questionamentos. Uma delas é quando ele expõe à turma um dos motivos pelos quais a Filosofia anda em risco de extinção nos currículos de todo o planeta: “o sistema de ensino deveria nos fazer pensar sobre as questões universais como: quem somos nós, de onde viemos e para onde vamos. No entanto, o sistema educacional está preso em temas menores, como: que empresa eu abrirei, o que farei com meu dinheiro, onde vou trabalhar. A filosofia serve para refletir sobre o ser humano”. Não é por acaso que ao chegar ao seu novo lar, que é a casa de sua mãe, uma d as primeiras ações de Merlí é pendurar um quadro com a imagem de Nietzsche, na parede. Várias são as falas do personagem durante as aulas que realiza na escola, que fazem referência à (para ele) necessária superação da condição de membros de um rebanho entre seus alunos, postura defendida pelo filósofo alemão. Mais de uma vez ele diz que “deve existir algo na cabeça dos jovens além de sexo e celular, eu os quero acordados”.
A série também apresenta valores que são muito caros para a educação emancipatória. Há presente a proximidade necessária entre o professor e o aluno, o desemparedamento, a busca de palavras chave e temas geradores a partir da fala dos estudantes, o conflito com a educação tradicional. Tudo está ali. Como Paulo Freire é um dos autores mais lidos do mundo, é provável que algum dos roteiristas tenha se inspirado nele, ou em alguma de suas referências ou de seus comentadores.
Sei que se o primeiro episódio já rendeu todo esse papo, é por que a série talvez valha à pena. Se voltar a falar dela, no futuro, terei que falar também de Joan Manuel Serrat, que será outro diálogo interessante com a produção que foi brevemente apresentada hoje.
Então fica a dica!
Ouça “As Histórias São Iguais”, da Relespública:
https://www.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_kqW_pbnVceNfSPwPmP7-VPlsKsvduWDRA
Assista ao maravilhoso “Segunda feira ao Sol”:
https://www.youtube.com/watch?v=Rzld6PXlWtQ
e relacione com a promissora série “Merlí” (disponível apenas na Netflix):
https://www.youtube.com/watch?v=ntqVmj8miDM
Abraços, boa semana a todos! E só saiam de casa se for inevitável!

Salve, salve, leitores do site da UFPR Litoral! Esperamos que todos estejam bem. Estamos aqui para apresentar a segunda dica cultural desta quarentena, e hoje vamos empregar uma crônica para apresentar a vocês a banda de blues e rock Bartenders, que representa a mais pura nata da boemia curitibana! Divirtam-se, mas em casa, até as coisas melhorarem! Éramos garotos sem carro. Vinte e cinco anos atrás, garotos pobres de dezessete ou dezoito anos com carro, eram quase um milagre. A diversão da nossa turma, nas noites geladas de uma Curitiba que não existe mais, era queimar nas esquinas do bairro os sofás que a vizinhança jogava fora e que haviam se transformado apenas em esqueletos de pinus. A prefeitura de Lerner ou de um de seus seguidores, desleixada que era com os da periferia, jamais passava para recolher esses objetos. A juventude então, por rebeldia ou higiene, se encarregava de dar um fim digno para rejeitos tão importantes. O Capão da Imbuia daqueles dias, com uma fogueira em cada uma de suas esquinas, lembrava os bairros negros das metrópoles norte-americanas. Nós não éramos todos negros, e quando cantávamos era um horror, mas lá como cá, o rock e o blues moviam nossos corações. Além sermos pobres e periféricos, havia em comum com os irmãos do norte também o gosto por músicas com alma. Naquele tempo, nosso mundo girava em torno dos discos, da música, e de uma boemia comprometida com certas verdades. Nosso gosto musical era formado através do garimpo nos sebos da cidade e da programação da rádio “Estação Primeira”. Aos finais de semana, nossa atividade migrava para outro local, fora de nosso quinhão, e partíamos em busca de uma catarse coletiva, que possibilitasse abstrair da realidade dura que enfrentávamos na rotina trabalhar / estudar / queimar móveis na rua. Nossos encontros para as aventuras em outras terras eram sempre agendadas perto da meia noite, para pegarmos o último ônibus a sair do ponto. Isso não era à toa. A noite de Curitiba nunca começou antes das duas da manhã, e chegar por primeiro aos locais era quase um crime do convívio social. A esquina para nossos encontros era sempre a mesma. Os programas é que variavam. Aquecíamos a garganta com alguns tragos, e salve-se quem puder. Éramos livres. Absurda e absolutamente livres. Havia tantos bares, tanta efervescência cultural naquele período, tantas bandas incríveis. Nos encontros entre segunda e sexta feira, já que não sabíamos cantar como faziam os irmãos lá do outro lado do mapa, passávamos as noites durante o meio da semana discutindo qual seria nosso destino de sábado. Lembro como se fosse hoje quando algum dos nossos disse: “vamos no Potato, tenho um cruzo”. Silêncio profundo. Ter um “esquema”, ou ter um “cruzo”, para garotos pobres, jovens, periféricos e sem carro, era um acontecimento a ser glorificado em pé, era algo a se respeitar. Éramos movidos por paixões. Quando um de nós se apaixonava, todos os outros respeitavam os sentimentos do camarada e o acompanhavam ao bar em que ele decidisse ir. Só que além de livres, também éramos de certa forma, comedidos. Nosso dinheiro sempre era contado. Ônibus, entradas para o bar, um uísque e uma água. Vez ou outra, trocávamos o uísque por duas ou três cervejas. Mas a vida era dura. – “Onde é o cruzo”, perguntamos. Com certo ar de constrangimento, vem a resposta: – “No Potato”. Valha-me deus! Eram quinze quilômetros para voltar a pé. Altos, e a pé. Com geada se formando, e a pé. Sem dinheiro para o táxi, e a pé. Todos pensaram por um segundo, mas a ética e a solidariedade de classe sempre falaram mais alto entre nós, os da periferia, e a resposta não poderia ser outra: – “Beleza, vamos. Mas se rolar alguma coisa, num outro dia, com essa mesma garota, que tal marcar num lugar mais central, como o Blues Bar, o Sherwood, ou o Hermes. Pode ser?”. – “Beleza, pode.” Não é que não gostássemos do “El Potato Medieval”, mas a falta de carro nessas horas, era mais doída do que em outras. Chega o sábado, e lá vamos nós. Da esquina para a garrafa, da garrafa para o ônibus, do ônibus para o bar, do bar para a outra garrafa, e por fim, cada um para o seu canto. Aquele do encontro, aos beijos. Os demais, eram aqueles que nunca gostaram de segurar velas. Uma da manhã, duas da manhã, começa a banda, e os solteiros se reúnem em frente ao palco. Ninguém esperava aquilo. Foi um evento arrebatador. Nossas vidas mudariam nos próximos anos. Nunca havíamos visto nada parecido. Quatro senhores, bem mais velhos que nós, gente bem sucedida, dando sangue em sua apresentação, expondo suas entranhas, se divertindo mais que o público e transmitindo aquela verdade que sempre procurávamos.. Depois ficamos sabendo: um era jornalista, o outro médico, um produtor cultural e o outro, que achávamos que era o filho da dona do bar, tabalhava numa locadora de vídeo, assim como Tarantino, a quem dedicamos nossa coluna da semana passada. Cada qual fumava duas carteiras de cigarro durante o show, e a banda consumia visivelmente mais Jack Daniels em cima do palco do que boa parte do público no bar. Era uma banda etílica, e com três detalhes importantes:
Primeiro – quanto mais bebiam, melhor tocavam;
Depois – nós não conhecíamos as músicas do repertório dos caras, mas era algo maravilhoso, sedutor;
E por último – o show durou quatro horas, e foi repleto de jam sessions e convidados especiais.
Nós, os garotos jovens, periféricos e sem carro, havíamos adquirido dali por diante, uma nova paixão, e uma coisa que aprendemos na dura frieza do dia a dia, queimando móveis, é que as paixões devem ser vividas.
De quebra o show longo nos permitiu voltar com o primeiro ônibus do domingo para casa. Que alívio!
O tempo foi passando, e fomos migrando como público da banda. Nossa paixão havia se tornado mais séria. Do Potato, fomos para o porão do Hermes, depois para o John Bull, mais tarde para o Blues Bar e finalmente para uma impagável temporada de sextas feiras lotadas no “Era só o que faltava”.
O destino foi amigável conosco. Hoje já não somos tão periféricos assim. Estudamos, nos formamos, podemos tomar mais uísque que a banda, pois somos um pouco mais jovens e temos mais saúde, e alguns até tem carros. Outros como eu, nunca aprenderam a dirigir. Mas alguns ainda escutam a música Perdido na Noite como um hino da nossa juventude, que por vezes, tenho certeza, leva alguns da nossa turma às lágrimas, lembrando essa Curitiba que já não existe mais.
O que me leva a escrever essa história é que os Bartenders continuam na ativa, estão lançando um DVD, e estão convidando a todos para se inscreverem em seu canal no youtube:
https://www.youtube.com/channel/UCwi2zJfTA1u3wAJJxtvVY3w
No canal, você encontra a música “perdido na noite”, além de “perninhas”, “Johnny atmosfera” e tantos outros clássicos autorais e versões maravilhosas, que teimam em manter alguma elegância na cidade que foi sem jamais ter sido.
Ouça lá, se inscreva e divirta-se.
Até semana que vem!



Sobre filmes, quarentenas, isolamentos e histórias que se encontram:

Olá, prezados visitantes do site da UFPR-Litoral.
É com prazer que iniciamos uma série de dicas culturais na página do Setor Litoral da UFPR, justamente aqui, no espaço voltado às informações sobre o corona vírus.

Em tempos onde a cultura e a arte são consideradas desnecessárias e supérfluas por uma parte significativa da sociedade, percebemos que há também aqueles que estão aproveitando seu tempo para interagir com obras, autores e linguagens diversas, povoando seus imaginários com a interação junto às muitas formas de expressão e representação da humanidade, presentes em todos nós e compartilhadas com o outro através do fazer artístico.

Diante da necessidade de ocupar o ócio destes dias de quarentena, de maneira mais prazerosa, decidimos apresentar em nossa coluna inaugural algumas dicas sobre Cinema. Afinal, muitos estão aproveitando esta pausa necessária para colocar em dia aquela dívida pessoal acerca do desejo de assistir este ou aquele filme. Para quem aprecia Cinema, com C maiúsculo, sabe-se que os filmes sempre devem ser acompanhados de tira-gostos e bate-papos. Como a tecnologia ainda não nos permite desfrutar coletivamente de quitutes à distância, ao menos que realizemos então a nossa conversa. Com ela, seremos sempre mais, no sentido Freireano da busca em “sermos mais”. E ser mais, em Cinema, talvez tenha relação com essa vontade incontrolável que temos de assistir um grande filme, logo após termos visto outro grande filme. Há um ciclo gnosiológico aí, onde apreciar uma obra sempre leva a uma melhor compreensão sobre a obra que assistiremos a seguir, aguçando nosso gosto e nossa curiosidade cinematográfica.

Bem, em tempos de ficarmos em casa e isolados, alguns de nós perdem a noção das horas, ou ao contrário, ficam presos no movimento dos ponteiros a ponto de que cada segundo leve um ano para passar, ou ainda, mal percebemos a rapidez com que os dias acabam. Essa relação confusa e relativa com os dias, os horários e o tempo, também se expressam na contação de histórias que se dá na linguagem do Cinema. Alguns chamam essa forma de enredo de: “estrutura narrativa não linear”, embora esse termo não seja uma unanimidade. Esse nome, ainda que não configure um gênero ou uma categoria de filmes, tem se apresentado como conceito aglutinador que reúne diversas obras. E é sobre essas obras que pretendemos apresentar as dicas de hoje.

No espírito deste “querer ser mais”, ou saber mais, pretendemos listar títulos que ampliem o conhecimento e o interesse sobre filmes, a partir de alguma obra que tenha encontrado sucesso entre o grande público (que o leitor provavelmente conheça), de maneira a que possa servir como abertura para “coisas mais pesadas” (perdoem a brincadeira). Desta forma, lembramos que entre os diretores que tem feito mais sucesso nas últimas décadas, um dos mais populares é Quentin Tarantino. Existe uma legião de fãs do modelo de narrativa de “Pulp Fiction – Tempo de Violência” e das outras obras que ele dirigiu e/ou produziu, tais como “Cães de Aluguel” ou “Kill Bill”. Quando “Tempo de Violência” surgiu em 1994, sua capilaridade foi tão grande, que ficou entre o grande público a impressão de que o modelo de enredo empregado na obra, disperso em vários núcleos que se entrelaçam em um mesmo período dentro de uma narrativa difusa em tempos paralelos, era algo inédito. Na verdade, o dispositivo de contar várias histórias que acontecem separadas e que acabam se encontrando em um ponto comum num mesmo momento, no Cinema, não nasceu com Quentin. Mesmo durante a época em que Pulp Fiction estava em fase de produção, vários outros títulos com a mesma estrutura narrativa, chamada de “não linear”, estavam sendo produzidos simultaneamente, e o resultado desta produção coletiva é uma fase espetacular da história do Cinema deste período. Para você, que gosta desta forma de contar histórias, que foi popularizada por Tarantino, segue uma pequena lista de filmes que tem estruturas e enredos parecidos na forma, mas muito diferentes no conteúdo entre si.

Há também nesta relação de filmes, quem são os seus diretores, o ano em que aconteceu a produção e os países onde os filmes foram realizados.

REVIRAVOLTA (Oliver Stone, 1997 – EUA)
JOGOS, TRAPAÇAS E DOIS CANOS FUMEGANTES (Guy Ritchie, 1998 – Inglaterra)
ANTES DA CHUVA (Milcho Manchevski, 1994 – Macedônia)
A CIDADE ESTÁ TRANQUILA (Robert Guédiguian, 2000 – França)
21 GRAMAS (Alejandro González Iñarritu, 2003 – EUA)
AMORES BRUTOS (Alejandro González Iñarritu, 2000 – México)
MAGNÓLIA (Paul Thomas Anderson, 1999 – EUA)
Existem outros tantos filmes que são construídos da mesma forma que os aqui mencionados.
Aos fãs de Quentin Tarantino, fica a dica para que visitem o “Catálogo Tarantino”, disponível no site https://www.bb.com.br/docs/pub/inst/dwn/CatalogoTarantino.pdf, onde você vai encontrar artigos e fichas técnicas sobre os filmes deste autor.

Há ainda uma página da Wikipédia, que trata sobre filme de narrativa não linear:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria:Filmes_com_narrativa_n%C3%A3o_linear, que tem uma ampla listagem de filmes com as características que descrevemos brevemente aqui.
Nossa sugestão principal: ANTES DA CHUVA. Um drama primoroso de um país periférico em termos de produção cinematográfica. Um filme fundamental para quem quer entender um pouco mais sobre os dias atuais.
E fica o convite para continuarmos o bate papo no Facebook, afinal, estamos separados fisicamente, mas como comunidade universitária, jamais se sinta sozinho. Estamos com vocês.
Vai passar! Passarão!

Rua Jaguariaíva, 512 - Caiobá
Matinhos, Paraná | CEP 83.260-000
Fone: (41) 3511-8300